"Filme é apenas uma pincelada do que se passa em Sarajevo"
Sara e a sua mãe é um dos episódios do filme coletivo As Pontes de Sarajevo. Como é que nasceu este projeto? O que encontrou na cidade quando partiu à sua descoberta?
A ideia veio de uma produtora que pertence ao Festival de Cinema de Sarajevo, que começou há 20 anos durante o cerco de Sarajevo. Porque viviam na guerra, as pessoas tinham uma necessidade enorme de respirar, de cultura, de arte, de estarem juntas. Só pensavam no dia-a-dia - o que vão arranjar para comer, onde vão arranjar água, como é que vão chegar ao fim do dia sem serem mortas. De repente, começaram a sentir que não aguentavam mais a vida assim. É neste contexto que o Festival de Sarajevo nasce.
Numa situação extrema...
Sim, projetavam filmes sem ter eletricidade para o projetor. Faziam-no com umas baterias, nuns lugares estranhos, por vezes com um frio de morte, durante o Inverno. A ideia deste filme vem dessas pessoas, às quais ninguém consegue dizer que não, porque são pessoas incríveis. Depois, dependendo da fase em que os cineastas se iam juntando ao projeto As Pontes de Sarajevo, havia mais ou menos liberdade em relação ao tema.
E como foi no seu caso em concreto?
No meu caso, foi-me pedido que tratasse de Sarajevo nos dias de hoje. Sempre quis ir mas nunca lá tinha ido. Foi difícil, porque cheguei e só tinha cinco dias para pesquisar, para ter uma ideia e para conhecer pessoas. Mas porque ali é tudo tão rico e há tantas marcas foi fácil estar lá esse tempo e chegar com uma ideia. Conheci aquelas pessoas que entram no filme. A que faz de mãe é mesmo mãe da Sara. São pessoas que conheci, não são atrizes. A cidade tinha tanto que acabei por me fixar numa coisa simples, que tem a ver com aquilo que aprendi e apreendi lá em Sarajevo.